O Mago das Ilusões, esse mesmo o seu nome, e não havia como descreve-lo, porque ele não tem um rosto e nem uma forma, ele é apenas uma sombra de todas as ilusões perdidas do mundo. Quem nunca teve uma ilusão e depois a jogou fora? E ele caminhava procurando o Palhaço que estava em algum lugar desconhecido.
O Palhaço se lembrava, que o Mago das Ilusões era seu esqueleto no armário, apenas ele via o Mago, apenas ele ouvia o Mago. E o inverso era o que acontecia. O mundo não precisava mais dos dois, então eles deixaram de existir para o resto, existindo apenas um para o outro.
- O que diabos está fazendo? – interrogou o Mago, ele estava parado com as mãos na cintura enquanto olhava a cena.
Nesta cena o Palhaço traçava um circulo de giz branco no chão. Era um circulo de uns 3 metros de diâmetro. Ele fazia bem devagar e não deixava entortar nem um pouco, sempre apagando quando errava e saia torto. Ele não respondeu ao Mago, e quando terminou deu aquele seu sorriso bem bobo.
- Prontinho essa é a minha bolha proxêmica. Ela não ficou bonitinha? – o palhaço respondeu.
Quando ele terminou de responder começou a andar em torno da bolha, feliz da vida, como se tivesse acabado de criar alguma coisa importante. O Mago, por outro lado, estava tentando ao máximo não morrer de rir.
- Uma bolha proxêmica? Você desenhou uma bolha proxêmica? Essa é sem dúvida a coisa mais idiota que você já fez. Você não serve para raciocinar, deixa que eu faço isso para você da próxima vez. – o Mago ainda ria, enquanto suas palavras era seguidas por pausas longas, ele parou de rir quando terminou de falar.
- Você está é com inveja por que a sua bolha proxêmica é imaginaria e ninguém respeita, as pessoas sempre estão invadindo o seu espaço, agora comigo vai ser diferente.
O Mago andou em torno da bolha proxêmica do amigo, ele olhou para o desenho bem feitinho no chão, e quase riu de novo, logo ele saltou para dentro ficando do lado do outro. O Palhaço curvou as sobrancelhas, olhou para fora do circulo e depois para dentro, repetindo o gesto mais três vezes antes de começar a chorar.
- Você... Você invadiu... Minha bolha! – ele ainda chorava esfregando as mãos nos olhos.
- Sua anta, a bolha proxêmica é imaginária! – o Mago gritou sacudindo o outro pelos ombros. – Todo mundo vai invadir, as pessoas nem olham para o chão. Você nem sabe o que é uma bolha proxêmica.
- O... O que... É? Então? – o Palhaço ainda soluçava.
- Uma bolha proxêmica é aquele espaço que as pessoas dão uma das outras para não ficarem grudadas, é o chamado espaço educado. Entendeu agora? Essa linha no chão, não é uma Bolha Proxêmica, é apenas um circulo feito de giz.
- Ah... Então talvez seria melhor fazer ela como uma parede de plástico né? Ou algo de ferro que dê choque... Eu preciso de ferro e eletricidade. Me ajuda? – pediu o Palhaço.
O Mago bateu com as mãos no rosto e começou a contar até dez. Ele soltou o Palhaço, e saiu andando para fora do circulo, enquanto o Palhaço começava a segui-lo.
- Vai me ajudar? – repetiu o Palhaço.
- Eu desisto de você, enfie o dedo na tomada e morra de uma vez. – Mago gritou.
- Mas e ai quem vai conversar com você... Eu te amo Mago. – disse o Palhaço abraçando o Mago.
- Ei... Sai fora, bolha proxêmica, lembra? Desencosta... Desgruda...
- Vamos dividir uma bolha proxêmica?
- Falar com você é como falar com a parede...
- Vamos vai? Vamos... Diz que sim? – disse o Palhaço insistindo.
E assim os dois continuaram aquela discussão, chegando a conclusão, que talvez a bolha proxêmica seja apenas mais um risco no chão.
1 comentários:
19 de junho de 2011 às 22:30
reflexivo......todos precisam de uma "espaço"....uma "bolha poxêmica"....mas ninguém respeita essa nescessidade de ninguém...
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