“O que pensar da vida e daqueles que sabemos que amamos?”
Essa frase venho de uma música do Legião Urbana, L’aventura. E é algo que eu sempre me pergunto. O que pensar? O problema não é nem pensar é pensar no que pensamos sobre a vida, e aqueles que sabemos que amamos.
A minha vida está estranha, no mínimo. E eu penso em como a vida retroage. Por que? Bem, nós nascemos com a grande certeza que sabemos tudo sobre tudo. Quando criança, vemos o mundo de uma forma diferente. E a impressão que eu tenho, é que quanto mais eu cresço. Quanto mais madura eu fico, eu sei que não sei nada.
É como disse o filósofo uma vez, “Tudo o que sei, é que nada sei”. Isso nunca se fez tão verdade como agora.
É como se minha vida fosse um livro, escrito a grafite e eu fosse apagando dele páginas e mais páginas querendo deixar apenas folhas em branco.
As coisas tem se tornado mais uma obrigação do que um prazer. Eu tenho que ir a faculdade para obter notas e não decepcionar minha avó que me ama e cuida de mim.
Não é por que eu quero ir a faculdade. Isso é algo um tanto complexo. Eu quero ir para a faculdade. Estudar não é o problema. Eu gosto de estudar e sempre que estudo penso que nunca é o suficiente.
Estudar pode acabar sendo a válvula de fuga. Sabe, eu quero estudar mais para não pensar em como a minha vida está se tornando trevas e não por que quero um futuro melhor.
As vezes pensar em um futuro para mim, é estranho. Por que eu não vejo um futuro para mim. É como outra música do Legião, “Hoje eu sonhava agora já não durmo” Sereníssima, é a minha música. Antes eu tinha tantos planos que tinha medo de não dar tempo de executá-los. Hoje eu nem tenho planos, sonhos ou um futuro.
Sempre vai ter aquela voz para me dizer que não vai dar certo, e que a felicidade não é feita para mim.
O maior problema em viver é que eu não quero mais conviver. Isso é estranho, eu sei. Mas quando eu digo conviver, estou dizendo ir a faculdade com pessoas me analisando o tempo todo. Pessoas me vendo no metro, pessoas me vendo na rua e na faculdade.
Claro que elas não devem pensar muito bem de mim. Mas eu não penso bem delas. Eu não quero um contato social. Esse tem sido o problema. Todas as vezes que eu tenho que sair de casa, seja para o que for. Tem sido um terrível pesadelo.
Eu chego a me sentir mal. Me dá enjôo, dor de cabeça, eu tremo e sinto uma espécie de sensação de medo incontrolável.
Por enquanto eu tenho conseguido controlar isso só pelo desejo de estudar. Mas é só analisar a diferença. Antes eu ia para a faculdade, conversava e tentava me relacionar. Eu puxava assuntos e me infiltrava em assuntos alheios, tentando manter pessoas por perto. E era divertido, eu gostava de ter companhia.
Agora eu quase não falo, expressar minha opinião se tornou algo cansativo. Eu não quero sair por ai discutindo o por que das coisas. Não importa o que as pessoas pensam ou falam. Se eu achar o oposto também não importa por que o desejo de não ter relações sociais é maior que tudo.
As vezes é como se eu estivesse apodrecendo por dentro e ninguém visse. Por que talvez eu não deixo ver. Vai saber. Mas a minha maior vontade tem sido ficar na cama ou no meu quarto. Nem vontade de comer eu sinto, mais uma das coisas que eu faço por obrigação.
Meus pensamentos andam confusos demais, e a única coisa que eu queria era poder ficar a sós com eles. O fato é que viver tem sido uma obrigação bem desagradável. Me sinto sufocada no mundo, por que tem pessoas perto. Por que tem relações. O pior é saber que mesmo após escrever tanto, não consigo colocar tudo o que penso, e nem fazer com que sintam o que eu sinto. Palavras nunca passam todas as sensações. Me conformar com isso que é um problema.
L´Aventura
Legião Urbana
Composição: Indisponível
Quando não há compaixão
Ou mesmo um gesto de ajuda
O que pensar da vida
E daqueles que sabemos que amamos ?
Quem pensa por si mesmo é livre
E ser livre é coisa muito séria
Não se pode fechar os olhos
Não se pode olhar pra trás
Sem se aprender alguma coisa pro futuro
Corri pro esconderijo
Olhei pela janela
O sol é um só
Mas quem sabe são duas manhãs
Não precisa vir
Se não for pra ficar
Pelo menos uma noite
E três semanas
Nada é fácil
Nada é certo
Não façamos do amor
Algo desonesto
Quero ser prudente
E sempre ser correto
Quero ser constante
E sempre tentar ser sincero
E queremos fugir
Mas ficamos sempre sem saber
Seu olhar
Não conta mais histórias
Não brota o fruto e nem a flor
E nem o céu é belo e prateado
E o que eu era eu não sou mais
E não tenho nada pra lembrar
Triste coisa é querer bem
A quem não sabe perdoar
Acho que sempre lhe amarei
Só que não lhe quero mais
Não é desejo, nem é saudade
Sinceramente, nem é verdade
Eu sei porque você fugiu
Mas não consigo entender
Eu sei porque você fugiu
Mas não consigo entender