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Onde estão as flores

| domingo, 5 de dezembro de 2010 | 4 comentários |
Deixei as flores no caminho, para marcar de cores a minha dor, pintadas com gotas de sangue e lágrimas salgadas, invisíveis aos olhos dos outro no escuro. Marquei as arvores no caminho com sorrisos mortos e enferrujados. Pode a dor ser algo belo?
Armei meu cavalete onde não podia enxergar, temei em pintar um lugar bonito no inferno. Quis acreditar que o que eu fazia era real, quis acreditar que o que é bom existe. Mas ristes de mim quando eu gritei amor. Minhas palavras notas gastas de um violino de uma nota só em vários tons.
“Eu quero ser humana.” Brandia meu lado bom e terno.
“Quero a morte” Gemia o ruim.
Oh, não, por que sempre penso no que são os humanos... No que é a dor... No que são as cores que representa a felicidade, tão desconhecidas para mim.
Jaz a noite, logo após o nascer do dia, morre o dia, quando a noite ressuscita, sempre um dia, uma noite, um dia e uma noite, todos iguais.
Queria acreditar que a música nunca para de tocar enquanto eu danço, queria acreditar que posso pintar sonhos no escuro, não preciso vê-los só senti-los, não precisa fazer sentido, só ser belo.
Deixei os pinceis caírem molhados e comecei a pintar com os dedos, fiquei totalmente esticada para alcançar o céu de anil. Queria pintar gaivotas livres, e cantando a beleza de um novo dia, queria poder desenhar às flores no chão.
A tela era pequena, mas ainda tem mais... Seguro o cavalete, e caminho pelo resto do escuro, meus pés sentem a dor de não enxergar, pisando em espinhos e em mais sentimentos que eu estava abandonando aos poucos. Cheguei a uma sala com uma porta, sem janelas.
O piso era de mármore, risquei um fósforo pude ver, tudo era branco, antes de queimar meus dedos, e ele cair no chão e se apagar. Usei as tintas para pintar, me esqueci de ver a cor delas... O chão teria flores, e as pareces as arvores... Tinha tudo planejado na cabeça.

Uma flor, para cada alegria da vida, uma arvore para cada vez que eu fui forte, e no seu uma ave, para todas as vezes que desejei ser livre. Enquanto pintava eu pensava... Como é a compreensão? Como é o carinho?
Pensei em como as pessoas não entendiam coisas tão claras, como quero carinho, ou como quero que pinte comigo um mundo novo? Eu estava sozinha mais uma vez, enquanto as lágrimas rolavam...
Sacudi a cabeça, não queria lembrar de dores, queria tirar da minha alma qualquer coisa ruim e substituir por aquelas flores, e pássaros. Sentia a tinta nos dedos enquanto pintava, sentia as lágrimas pingarem sem motivo, tentava pará-las, não conseguia.
Por fim surgiu a luz... Pensei que era a morte, pensei que era uma vela, pensei por que havia pensado em morte primeiro... Mas era o sol. Iluminando cada canto do cenário que eu criei.
Olhei a minha volta e tudo o que eu vi foi sangue, tudo que eu vi foi morte... Fechei os olhos.

Onde estão as flores? O pássaros? E as árvores? Eu só via sangue...
Me sentei no chão, olhando em volta e repetindo, tudo é sangue... Tudo é dor... Em todos os cantos... Onde estão as flores?


Pombo correio

| quarta-feira, 10 de novembro de 2010 | 0 comentários |





Pombo correio ao qual minha alma entreguei, leve meu recado para todos os cantos do mundo para que todos leiam. Ninguém precisa de fato saber meu nome, ninguém precisa na verdade dar valor ao que eu digo. Tenho perguntas, e respostas, tenho pensamentos refletidos por anos e anos sem ninguém para ouvir.

Eu vi muitos anos e anos de evolução humana escrita e guardada em papeis, cujo poema era valorizado a eras e pensar era algo tão valioso quanto outro. Vi sorrisos no rosto de humanos, vi poemas declamados, vi pensadores fazendo o povo pensar em praça pública, não havia nada além de sorrisos.

Quando a palavra perdeu o valor? Quando fomos deixando de ouvir? Eu vi o momento em que uma senhora perguntava com sinceridade se “tudo estava bem” com ela, hoje a resposta parece ter sido algo aprendido, e ela deve ser apenas uma “tudo”. Formalidades não existiam e compreender era algo muito mais comum do que é hoje.
Creio que não vi o senhor compreensão por ai.

Hoje um pensador mal pode começar suas idéias antes que elas sejam ditas como tolas, hoje ninguém se importa com nada além do seu próprio emocional, por que as pessoas estão tão egoístas? Vejo hoje que as pequenas coisas estão desvalorizadas, que as pessoas não dão mais um sorriso ao ver um belo dia de sol.

Minha carta tem muitos motivos para ser escritas, nem tudo pode ser dito, mas a minha pergunta maior de todas e a mais complicada de ser respondida é, por que o ser humano sofre?

Costureira de sonhos

| segunda-feira, 11 de outubro de 2010 | 2 comentários |

Ela não sentia dor, não enquanto seus dedos eram picados pelas agulhas das roupas que tecia, ela fazia roupas de sonhos, que eram doadas aos seus inimigos.
Mas ela sorria por que não podia chorar, ela não tinha lágrimas mesmo que quisesse que elas descessem. Uma vez, quando pequena, ela encheu a mão de água e pingou nos olhos para fingir que chorava.
- Não seja idiota... Não são lágrimas, só são água.
As pessoas diziam sem parar o quanto ela era tola, por que ela achava que tudo era simples, costurando um sonho no outro, sempre achando que eles nunca iriam acabar. Ela continua a insistir que as nuvens eram de algodão.
Ela ainda pensava que dormir com a perna encolhida impedia que o bicho papão não a pegaria pelos pés da cama.
- É ridículo, não existe. – ela ria e fala em bom som.
Mas todas as noites ela encolhia as pernas ao máximo junto do corpo para impedir os planos do bicho papão.
Todos os dias, ela levantava cantando, todos os desejos que queria e todos os sonhos que havia tido para não esquecê-los nunca.
Dor... Ela queria saber como era a dor, e jurava que iria achar bom senti-la, e todas as pessoas, mesmo se ela não pedissem, tentavam ajudar... Demonstravam o que poderia causar dor.
Ela desistiu dos sentimentos, os trancou no guardarroupa, ao lado dos seus esqueletos do armário. Ela escreveu várias vezes no caderno, “eu sou forte”. Por que era fraca.
Escreva uma coisa várias vezes e ela se torna verdade, minta para vários e a mentira vira verdade, esse era o segredo, e ela sabia...
Escreveu diversas vezes que era feliz, que sonhava, chorava e sorria como qualquer ser humano.
Ela não é humana, ela apenas é uma costureira de sonhos... Ela escreve o passado, o presente e o futuro, não lhe foi dado o direito de ser humano.
Mas... Enquanto não costura os sonhos, ela escreve e desenha, toda a felicidade que sonha ter um dia... Isso a faz sentir viva.

Andarilho

| quarta-feira, 15 de setembro de 2010 | 1 comentários |


Incansável... Indestrutível, ele caminha com o seu coração sangrando...
Incansável, ele pensou que a vida fosse feita de sonhos, enquanto o seu coração queima, ele deseja a morte sem poder tê-la.
É o andarilho da dor, que vê nos poemas um desabafo, que vê na monotonia uma forma de não sentir. Ele sabe, ah, ele sabe que se cortar a carne ela sangra, mas ele ainda sim gosta de sentir, algo além da dor de dentro... Só mais uma coisa que ele não domina.
O Andarilho errante, múrmura palavras sozinho que ninguém escuta. Ele sente dor, ele sente alívio, ninguém o ama, nem tem inimigos.
Ah, ele devia estar morto, canta as vozes de criança, ah ele devia estar morto...
Mas ele persiste sempre, oh, sua dor, ela é só sua, é saborosa como um prato, por isso ele não morre, por que ele ainda sente, ele é capaz de sentir em um mundo de estátuas.
Ele está em desespero um desespero mudo que se junta em tintas coloridas quando ele chora, ele tem água salgada e pode pintar, um mar um horizonte e tudo azul... Azul como o mar.
Ele está sentado no chão, um furacão de sentimentos rodando dentro dele e ele ri, ele sente uma súbita vontade de rir, o riso sem alegria, a amor sem calor e a dor sem alma.
Sinta a dor mais se cale, se cale por que ninguém quer ouvir
Seus sentimentos doem ele só pensa em dormir
O grande invólucro de sentimentos de falsos e tão frágil...
Ele está morrendo, e ninguém está vendo... Esta sofrendo, e ninguém se importa.
Essa noite tem alguém chorando, como todas as noites... Chorando sozinho.
Mas ele sabe, que quando chora, as imagens se turvam, e turva-se a realida.

Sentidos

| quarta-feira, 2 de junho de 2010 | 1 comentários |

Deixei meus sentimentos em algum lugar, eu queria escrever sobre eles mais tarde, queria sentir a todos eles, sem me queixar do qual ruim eles possam parecer. Eu queria poder desenhá-los, mas nem assim faria com que eles fossem tão reais.
Por que a tristeza tem que ser ruim? Matando todos os outros sentimentos, ela vai corroendo a tudo no caminho e a dor pode ser saborosa, não sentir mais é uma solução agradável para os desesperados.
Meu corpo é uma casa de sentimentos onde a razão comanda, ela tem o discernimento para saber do que eu preciso. Cultuo a tristeza como a um Deus, sempre me guiando para tudo o que deve morrer, sempre me mostrando que tudo poderia ser belo.
Vou continuar caminhando enquanto meu corpo se desfaz aos pedaços até não sobrar nada além dos olhos para se ver. Sentidos e não sentimentos, os sentidos são bons, eles admiram a tristeza e gostam de se sentir vivo.
Se um dia eu passar por um lugar, onde as cores saltem os olhos e exista cheiro de caramelo, vou apagar as luzes e segurar a respiração, acho que a felicidade me enoja. Por se dispersar com a fumaça do cigarro e o cheiro que arde os olhos. Não é a tristeza que arde os olhos, é o cigarro e o calmante que corre as veias deixando o corpo mole jogado em um canto qualquer.
A felicidade é um vicio que enoja e que é doce... Tão doce e sempre se quer mais. Desenhei a felicidade na parede com giz, sentei no chão gelado e tentei absorvê-la. O giz era rosa como a felicidade, me faz pensar em que qualquer sentimento é melhor que nenhum.

Um texto dirigido...

| domingo, 18 de abril de 2010 | 0 comentários |



Agora são 01 e 11 quando começo a escrever essas palavras fracas e tão questionáveis em meu blog. Eu sei que faz muito tempo que não escrevo, daqui do escuro que é meu quarto, mentira a luz está acesa...
Estou um pouco triste hoje, não é que eu escreva só quando estou feliz, estava muito ocupada com a faculdade e me senti triste por não escrever mais contos e poemas, os contos que eu tanto gosto e quero agradecer a todos os que me lêem, mesmo que meus poemas sejam um pouco pesados às vezes e poucos.
Estava pensando se toda a verdade é absoluta, melhor... Se todo mundo acha que é dono da verdade absoluta? Vejo tantas pessoas por assim hoje, decidi que vou escrever hoje um conto do que eu gosto... Vou fazê-lo agora e quero ver se sairá bom...

Cor de rosa

Os dedos folheavam os livros, contos de amor que se faziam perder no escuro, a noite silenciosa continha os suspiros que ela dava sempre que lia algo que a agradava.

_ Eu não acredito... – gritou para si mesmo e riu, pulou com os joelhos na cama segurando o livro. – Ele fez isso mesmo? Como pode? O Marius é tão sério... Mas... Mas ele tem mesmo que ficar com o Armand.

Sua voz comentava o livro, que linha a linha ela lia, e as palavras comentadas com a sombra na parede. Ilusão de menina, acreditar que o mundo é bom e que pintar a unha é o maior remédio para depressão.

Ela dança quando escuta música, ela sempre sonha em comprar sua casa na lua, a primeira casa com plantas na janela. Ela é eloquente e misantropa, ela é amorosa e cruel, ela sabe machucar e sabe acariciar, e sua boca tem gosto de mel.

Fada que um dia eu amei criança, que sempre sorria entre a fumaça de cigarros e o perfume do álcool em lugares escuros, músicas desconhecidas enquanto alguém gritava outro ria, contando casos e mais casos de uma vida que passou.

Corajosa, é a princesa e a rainha... Não importa os motivos da guerra, a paz é sempre... Sempre mais gostosa. Ela tem compaixão, ela sabe ouvir e se colocar no lugar do outro, enquanto espinhos furam sua pele ela sorri sabendo um colchão quente e um cobertor peludo a esperam.

Sonhadora, seus pés não tocam o chão... Ela voa de asinhas por ai, sabendo que o mundo é seu parque de diversão.

Ninguém a compreende, ela sabe mas ri... Ela se diverte com a incompreensão alheia por que ninguém... Ninguém sabe o quanto é bom falar sozinho e que rir do julgamento errado e não dar ouvidos a tudo, é como a dádiva dos cegos... Ela lembra, melhor ouvir ofensas de graça do que ter que pagar por elas.

Flor Calada

| terça-feira, 26 de janeiro de 2010 | 4 comentários |

Quanta dor um corpo humano pode aguentar?
Pior que a dor do corpo é a dor da alma, é a dor dilacerante do coração oculta por paredes grossas e frias. Sou uma casa, de janelas fechadas em meio a uma tempestade de chuva.
A ambiguidade dos meus sentimentos se confunde, não sei como sentir o que eu não sei explicar.
De um lado a beleza de poder respirar, a mera felicidade de viver... Enquanto tantos outros morrem.
Por que não eu?
Palavras que nunca mais serão ditas, sentimentos nunca mais revelados e é aqui que me calo. Minha boca não irá mais soltar palavras, o que sinto está em um poço fundo dentro de minha alma.
Não diga que se importa... Pessoas são mesmo boas? Elas se preocupam quando vêem alguém chorando? Ou é mais uma questão de manter aparências?
Minha esperança está paralisada, o relógio parou a meia noite e um.
Eu quis poder falar tudo, a vontade morreu afogada em lágrimas num quarto escuro.
O Sarcasmo da dor que pessoas não compreende, misturado a alegria de passar mais um dia, sabendo que no fundo ninguém se importa. Pode conhecer alguém só pelas palavras?
Eu sei... Palavras pode possuir agulhas, podem cortar fundo onde o sangue não vai aparecer.
Mais uma vez a música foi tocada sozinha, mais uma vez o labirinto se fechou, e a princesa está escondida no castelo do Minotauro.
Ele é apenas mais uma Condessa de Sangue, trancada para morre sozinha em uma torre, por não confiar mais em ninguém.
Duas moedas, duas pessoas... Uma vivendo na esperança de um novo dia, tentando ocultar atrás da máscara de alegria um ser que talvez não exista.
A outra uma louca, absorvendo a dor como se fosse uma droga, desejando cada dia que passa a morte, e a estagnação. Berrando mudamente por tudo que não pode falar.
Se um dia me perguntarem, que flor é a mais bonita, eu diria que era o cravo.
Mas no fundo pensaria no crisântemo, amarelo, arroxeado e branco.. Puro como o fim da dor.
Será ele a guardar tudo aquilo que não posso contar, tudo aquilo que um dia desejei falar e tudo o que se perdeu.