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Caverna

| segunda-feira, 15 de junho de 2009 | |
Era uma vez, aqueles sonhos tecidos em teias de aranha, se desmanchando ao contorcer agonizante da morte de penas presas. Mostrando que a esperança se perdeu na floresta.

E ali os passarinhos cantam, apenas mais uma oitava, mais uma nota na clave de sol, puxando do contorno de coisas que não duram.

E ali no fundo alguém tentava escrever, sobre uma pedra cinza de espécie única. A Alegria servia de apoiou, para o carvão que rabiscava sem nada escrever. Palavras são inúteis para traduzir sentimentos.

Mas o poeta não percebeu, as palavras que ele escrevia com aflição fugiam do papel sobre a canção da dor da floresta, onde tudo morre.

Uma gota pingava contando os segundos, um a um, segundos perdidos esparramados pelo chão em gotas absorvidas pela terra. O vento ecoava ali e estava frio.

O carvão solta lascas virando tintas e borrões sobre o papel sem palavras, elas possuem alguma forma entendida por cada um, que não são palavras, são apenas borrões, são apenas desenhos das salas psiquiátricas e dos testes psicológicos.

Ali em um borrão sem forma, o poeta vê seus sonhos, ele vê uma ave a voar no céu, ele vê sonhos se desenhando como ramos de plantas floresta a dentro se preenchendo e formando um desenho do que ele não pode dizer que sente.

Quem o ouviria ali, dentre de uma caverna cheio de paredes e umidades, tantas pedras de sentimentos espalhadas por ali, e a dor em cada novo ser que nasce, cresce, se reproduz e morre. Tão simples...

A água termina, os pingos acabam, não á mais água para desenhar no papel aquele sonho. Mais um sonho mostrando que por mais que doa há alguma coisa ali com sentido. Alguma coisa nos borrões, que se assemelha no coração, ali era sua verdade, era as sombras na parede que ele queria acreditar.

Sombras nas paredes das cavernas, desenhos nos papéis, escuro, frio, vendo e barulho no silêncio, pouco que o fazia feliz, pouco que o fazia sentir.

Ele se esticou nos pés, bateu os dedos ali, mas não havia mais água, não tinha como. Ele saiu do papel vendo a sua volta pela primeira vez. O mundo imenso da caverna, todas as coisas que ele não tinha visto antes que iam se formando.

O silêncio foi ouvido e a solidão sentida, ele não tinha mais seus sonhos no papel, só uma realidade fria a sua volta o sufocando.

O poeta apertou os olhos querendo não ver, segurou o coração querendo não sentir e o carvão se desfez no papel virando pó. As suas lágrimas caíram no papel, eram grandes e grossas como sua dor, e o papel ficou escuro... Desenhando sua esperança.


2 comentários:

Nai-chan Says:
15 de junho de 2009 às 19:35

Oi, anjinho!!!
A ideia de organizar os post do blog com as tags foi bem legal!!!
Li tambem o novo conto e o achei legal e bem escrito, como sempre. Só queria que voce estivesse um pouco melhor, mais animada....
Sabe que eu te amo muito, nao sabe?! E que sempre vai poder contar comigo!!!
Estarei sempre ao seu lado anjinho!!
Mesmo estando longe...

V Says:
22 de junho de 2009 às 18:32

Olá Mihael!
Encontrei seus textos por acaso em uma busca pelo google. Achei os temas muito intrigantes.
Gostaria de convida-la para participar de uma comunidade que criei que futuramente terá um blog. Se chama o Baú de vento. Lá estão postados textos, poesias e contos de minha autoria e de amigos. Gostia de lhe convidar a postar seus pensamentos no baú.

O link:

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=12450734

Sua presença será muito graficante para nos. Obrigada!

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