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Despair

| sexta-feira, 28 de novembro de 2008 | |
O que é pior do que estar triste? Talvez aquele vazio que preenche um ser até que ele não consiga respirar, a falta de coisas que o fazem recorrer a vida, e não ao sono. O que pode existir nesse mundo ainda? Onde as pessoas estão cegas para o que é mais importante. O que é mais importante? Ferir aos outros, ferir a si mesmo... Tentar amenizar um pouco o espaço vazio entre as pessoas.

Todos estão cercados com cercas invisíveis de isolamento. Palavras que ele poderia ter escrito no diário antes de sair de casa para sempre. O som da porta é só mais um barulho incomodo aos ouvidos. O que as pessoas dizem acabam soando como palavras vazias julgadas ao vento daquilo que não é mais.

Por que naquele momento ele precisava de mais do que palavras de apoio, ele precisava não sentir a dor de seus pés, nem o sangue nos lábios. Ele precisava sentir a liberdade de saber que poderia... Fazer o que quiser. De não estar preso a nada que o ligasse a Terra a vida. Que o ar não preenchesse seus pulmões aquela noite, que a lua não brilhasse.

Ele estava sujo aos olhos dos outros, era puro andrajos, era um resto de um mundo que apenas isola, cansa e enjoa. O mundo o oprimia... E era tudo que ele não podia matar, era a lei do mais forte.

Ele fechou os olhos, prendeu o ar por alguns segundos, para sentir aquele aperto no peito do sufocamento, antes que seu corpo soasse o alarme que o faria voltar a respirar como se ansiasse por uma vida. Que vida? Aquelas nas quais as pessoas são descartáveis como são os favoritismos.

Tão sozinhas quanto ele, tão sofredoras quanto ele. Elas o julgam e apontam os dedos, por suas roupas sujas, sem cigarro amassado e aquela coisa que ele diz sentir por dentro, que vai corroendo desde a alma, e ali permanece junto com o seu sorriso.

Ele apenas queria ser livre. Das pessoas que disseram o amar e foram embora. Das pessoas que o odeiam sem motivo, das pessoas que não o conhecem e o julgam e queria estar livro de si próprio, do seu lobo... Do seu monstro.

Ele via sangue, como se seus olhos estivesse coberto por ele, por toda parte que olhava e sua dor era tanta, que ele não mais sentia. Era como se acostumar a algo... Algo que dói aos poucos, mas é invisível.

Eles dizem que se importam... Nunca podem saber o que está dentro de sua mente e seu coração, enquanto Roma vai ruindo dentro dele. Pedras rolando por todo o lado, sem vazar para os lados.

Chorar é para os Fracos... Sentir medo é para os Fracos... Se esconder é para os Fracos... Viver é para os Fracos...

Dor é pouco para dizer o que ele sente. Ele já foi bonito, já foi limpo e já gostou de cantar “I’m so Happy”. Hoje ele nem mais lembrava do significado das palavras. Ele não sabia ler, escrever ou identificar quem ele era.

O gosto amargo ainda estava em seu corpo, por mais que ele tentasse se livrar dele, as memórias eram como pragas, grudando na pele e se enterrando cada vez mais como uma maldição. Ele corria...

Pés descalços no chão da longa estrada da vida, a estrada escura e isolada, com chuvas e buracos... Sem esperança e nem fim.

Ele não vê por que continuar correndo, o chão parece uma cama. Ele deita de cansaço. O que ele sabe das pessoas? Elas são atores de teatro, que ficam na peça até saberem as falas, que ficam ali só enquanto recebem algo em troca para atuar. Onde está a paixão do teatro... Ou da vida... Sem trocas?

Ele se perdeu naquilo, ele não sabia de mais nada. Tudo o que ele queria era esquecer. Que sua mente fosse como um chip de memória, no qual ele colocaria a mão engordurada para ver aquilo fritar.

E aquela sua dor, era só sua... Era o presentinho maldito do inimigo. Enquanto ele conhecia os “Duas-caras” da vida. Enquanto ele sentias as costas serem viradas contra ele. E ele estava sozinho... Fraco demais e faminto demais para pedir ajuda.

Ajuda é para Fracos...

Por que as pessoas esquecem... Ele não.
As pessoas deixam de sentir... Ele não.
As pessoas não tem consciência... Ele tem por elas.

Ele não quer mais incomodar ninguém, não quer mais procurar ninguém, não quer falar, não quer pedir ajuda, não quer fazer nada. Só quer ficar ali, deitado no chão sentindo os pingos baterem contra o rosto dele. Como se ele... Não existisse.

Até que desaparecesse... Aos poucos... Em silêncio... Como se nunca tivesse existido... Não deixando lembranças... Sonhos... Herança...

Deixando para trás... Apenas um letreiro... “Aqui Jaz o Desespero.”



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